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José Reis Chavez - Confusão começou com a divinização de Jesus em 325 Posted: 07 Feb 2011 10:20 AM PST Nós podemos divinizar-nos, mas Deus não pode humanizar-se As teologias das religiões mais antigas receberam influências da mitologia, misturando a divindade com a humanidade. É verdade que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, di-lo-nos a Bíblia. Mas é verdade, também, embora a Bíblia não o diga, que nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança. É o que se chama antropo-morfização de Deus. E, enquanto Deus nos criou semelhantes a Ele em espírito, às vezes, nós o criamos semelhante a nós em corpo. Os teólogos cristãos do passado foram também vítimas da mitologia. Por ser Jesus um homem de máxima perfeição humanamente possível, não deu outra. Os teólogos começaram logo a divinizá-lo. Eles agiram de boa-fé, mas incorreram noutro erro teológico muito comum, isto é, o exagero das coisas relativas a Deus. É claro que eles acertaram em muitas de suas elucubrações teológicas, mas erraram, e grande, quando concluíram que Jesus é Deus encarnado. Essa conclusão errada é o que se poderia denominar de uma antropomorfização oficial de Deus, e que se tornou a causa principal das antropomorfizações de Deus no decorrer dos séculos da história do cristianismo. E foi daí que surgiu o dogma da Santíssima Trindade com suas três pessoas, que devemos respeitar, mas que tornou confusa e complexa a concepção do Deus único e verdadeiro do monoteísmo cristão bíblico. Tudo começou com a divinização de Jesus no polêmico Concílio Ecumênico de Nicéa (325), e a instituição oficial do Espírito Santo e, consequentemente, da Santíssima Trindade, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Nos originais bíblicos do Velho Testamento, em hebraico, e do Novo, em grego, o Espírito Santo é o espírito ou alma do homem. Portanto, o Espírito Santo é uma espécie de substantivo coletivo, que designa o conjunto de todos os espíritos humanos. E a Bíblia nos mostra que Jesus é de fato um homem e não outro Deus, que só pode mesmo ser um, a não ser que nós cristãos queiramos renegar o monoteísmo. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (são João 17:3). E, na parábola da videira e dos ramos, fica também evidente que Jesus é diferente de Deus, e é diferente exatamente porque Jesus é Deus relativo e não Deus absoluto. "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor, e vós os ramos" (são João 15: 1 a 5). "...o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" (são João 13:16). "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2:5). Por todos esses textos bíblicos citados, fica evidente que Jesus Cristo, Filho de Deus, é inferior a Deus, o Pai. Assim, se a segunda pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, o Filho, fosse também Deus absoluto, não poderia ser menor do que Deus, o Pai, pois os dois seriam infinitos, não podendo um ser maior ou menor do que o outro. Como se vê, a doutrina trinitária do cristianismo dogmático, em posição contrária à do cristianismo bíblico, complica a ideia sobre Deus, dificulta o entendimento entre o cristianismo e outras religiões monoteístas, divide os próprios cristãos e, o pior, incrementa a indiferença religiosa, a descrença em geral e o próprio ateísmo. Pela nossa evolução de espíritos imortais e semelhantes a Deus que nós somos, e dentro da nossa possível perfeição humana, de algum modo, um dia, nós nos tornaremos divinos. Mas Deus não pode humanizar-se, pois Ele é imutável! Obs.: Esta coluna, de José Reis Chavez, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site http://www.otempo.com.br/. Ela está liberada para publicações. José Reis Chavez é autor dos livros “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – http://www.literarium.com.br/. e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147. |
Há inteligentes e inteligentes... Posted: 06 Feb 2011 03:17 PM PST "Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus." MATEUS, cap. V, v. 3. Jesus de Nazaré passou pela Terra há cerca de dois milénios, mas continua a ser um ilustre desconhecido. As religiões tradicionais, incapazes de assimilar inteiramente o conceito de monoteísmo, fizeram de Jesus 1/3 da Divindade. Desvalorizaram também a mensagem cristã, favorecendo antes o episódio triste da crucificação, apresentado de modo a incutir no crente um absurdo sentimento de culpa - na interpretação religiosa tradicional, todo o ser humano é culpado pelo "pecado" de Adão e Eva (os supostos primeiros seres humanos), parcialmente "lavado" pelo sacrifício de Jesus. Essa visão cruenta, de transgressões e sacrifícios, típica da herança pagã, continua a ocultar do público o Jesus profundamente sábio, bom, misericordioso, o Homem Excelente, o enviado de Deus e portador de uma mensagem capaz de renovar a Humanidade. Jesus ainda é visto como um chefe religioso e um semi-deus cioso e parcial. A razão humana, amadurecida, ainda confunde Jesus com os seus auto proclamados representantes na Terra. E por isso a sua mensagem continua desconhecida e desconsiderada. Os que crêem em Jesus são apelidados de "pobres de espírito" - até porque o próprio Jesus exaltou os pobres de espírito. Mas não é aceitável que Jesus tenha considerado condição necessária para aceder ao Reino dos Céus ser-se destituído de raciocínio, pateta, como o termo é hoje interpretado. A Codificação Espírita consiste no resumo organizado das comunicações dos Espíritos, que, tal como Jesus prometeu, viriam um dia para "ensinar todas as coisas e fazer recordar" os ensinamentos do Mestre Jesus: "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito." JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26. O Evangelho Segundo o Espiritismo é um repositório comentado dos ensinamentos dos Espíritos sobre o Novo Testamento, sobre a moral cristã. Atentemos por exemplo no CAPÍTULO VII Bem-aventurados os pobres de espírito que tem como sub capítulos: - O que se deve entender por pobres de espírito - Aquele que se eleva será rebaixado - Mistérios ocultos aos doutos e aos prudentes Instruções dos espíritos: - O orgulho e a humildade - Missão do homem inteligente na TerraOs pobres de espírito, na linguagem da época, eram os mansos e humildes de coração (como Jesus). O Reino dos Céus não é acessível aos que se conservem arrogantes, orgulhosos, ciosos da sua sabedoria. Para quem crê em Deus, a inteligência é uma dádiva a ser usada para o bem colectivo. Não é motivo para vaidade. Vale a pena ler e reflectir na seguinte mensagem, que é do Espírito Ferdinando e encerra o referido capítulo: Missão do homem inteligente na Terra |
13. Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a ideia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.
A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tomam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. - Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)
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