segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Blog de Espiritismo‏ -Caldas da Rainha / Portugal

Blog de Espiritismo


José Reis Chavez - Confusão começou com a divinização de Jesus em 325
Posted: 07 Feb 2011 10:20 AM PST


Nós podemos divinizar-nos, mas Deus não pode humanizar-se

As teologias das religiões mais antigas receberam influências da mitologia, misturando a divindade com a humanidade. É verdade que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, di-lo-nos a Bíblia. Mas é verdade, também, embora a Bíblia não o diga, que nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança. É o que se chama antropo-morfização de Deus. E, enquanto Deus nos criou semelhantes a Ele em espírito, às vezes, nós o criamos semelhante a nós em corpo.

Os teólogos cristãos do passado foram também vítimas da mitologia. Por ser Jesus um homem de máxima perfeição humanamente possível, não deu outra. Os teólogos começaram logo a divinizá-lo. Eles agiram de boa-fé, mas incorreram noutro erro teológico muito comum, isto é, o exagero das coisas relativas a Deus. É claro que eles acertaram em muitas de suas elucubrações teológicas, mas erraram, e grande, quando concluíram que Jesus é Deus encarnado. Essa conclusão errada é o que se poderia denominar de uma antropomorfização oficial de Deus, e que se tornou a causa principal das antropomorfizações de Deus no decorrer dos séculos da história do cristianismo. E foi daí que surgiu o dogma da Santíssima Trindade com suas três pessoas, que devemos respeitar, mas que tornou confusa e complexa a concepção do Deus único e verdadeiro do monoteísmo cristão bíblico.

Tudo começou com a divinização de Jesus no polêmico Concílio Ecumênico de Nicéa (325), e a instituição oficial do Espírito Santo e, consequentemente, da Santíssima Trindade, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Nos originais bíblicos do Velho Testamento, em hebraico, e do Novo, em grego, o Espírito Santo é o espírito ou alma do homem. Portanto, o Espírito Santo é uma espécie de substantivo coletivo, que designa o conjunto de todos os espíritos humanos. E a Bíblia nos mostra que Jesus é de fato um homem e não outro Deus, que só pode mesmo ser um, a não ser que nós cristãos queiramos renegar o monoteísmo. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (são João 17:3). E, na parábola da videira e dos ramos, fica também evidente que Jesus é diferente de Deus, e é diferente exatamente porque Jesus é Deus relativo e não Deus absoluto. "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor, e vós os ramos" (são João 15: 1 a 5). "...o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" (são João 13:16). "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2:5).

Por todos esses textos bíblicos citados, fica evidente que Jesus Cristo, Filho de Deus, é inferior a Deus, o Pai. Assim, se a segunda pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, o Filho, fosse também Deus absoluto, não poderia ser menor do que Deus, o Pai, pois os dois seriam infinitos, não podendo um ser maior ou menor do que o outro.

Como se vê, a doutrina trinitária do cristianismo dogmático, em posição contrária à do cristianismo bíblico, complica a ideia sobre Deus, dificulta o entendimento entre o cristianismo e outras religiões monoteístas, divide os próprios cristãos e, o pior, incrementa a indiferença religiosa, a descrença em geral e o próprio ateísmo.

Pela nossa evolução de espíritos imortais e semelhantes a Deus que nós somos, e dentro da nossa possível perfeição humana, de algum modo, um dia, nós nos tornaremos divinos. Mas Deus não pode humanizar-se, pois Ele é imutável!
Obs.: Esta coluna, de José Reis Chavez, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site http://www.otempo.com.br/. Ela está liberada para publicações. José Reis Chavez é autor dos livros “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) http://www.literarium.com.br/. e-mail: jreischaves@gmail.com
Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.
Há inteligentes e inteligentes...
Posted: 06 Feb 2011 03:17 PM PST


"Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus."

MATEUS, cap. V, v. 3.



Jesus de Nazaré passou pela Terra há cerca de dois milénios, mas continua a ser um ilustre desconhecido. As religiões tradicionais, incapazes de assimilar inteiramente o conceito de monoteísmo, fizeram de Jesus 1/3 da Divindade. Desvalorizaram também a mensagem cristã, favorecendo antes o episódio triste da crucificação, apresentado de modo a incutir no crente um absurdo sentimento de culpa - na interpretação religiosa tradicional, todo o ser humano é culpado pelo "pecado" de Adão e Eva (os supostos primeiros seres humanos), parcialmente "lavado" pelo sacrifício de Jesus.

Essa visão cruenta, de transgressões e sacrifícios, típica da herança pagã, continua a ocultar do público o Jesus profundamente sábio, bom, misericordioso, o Homem Excelente, o enviado de Deus e portador de uma mensagem capaz de renovar a Humanidade.

Jesus ainda é visto como um chefe religioso e um semi-deus cioso e parcial. A razão humana, amadurecida, ainda confunde Jesus com os seus auto proclamados representantes na Terra. E por isso a sua mensagem continua desconhecida e desconsiderada.

Os que crêem em Jesus são apelidados de "pobres de espírito" - até porque o próprio Jesus exaltou os pobres de espírito. Mas não é aceitável que Jesus tenha considerado condição necessária para aceder ao Reino dos Céus ser-se destituído de raciocínio, pateta, como o termo é hoje interpretado.

A Codificação Espírita consiste no resumo organizado das comunicações dos Espíritos, que, tal como Jesus prometeu, viriam um dia para "ensinar todas as coisas e fazer recordar" os ensinamentos do Mestre Jesus:


"Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito."
JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.


O Evangelho Segundo o Espiritismo é um repositório comentado dos ensinamentos dos Espíritos sobre o Novo Testamento, sobre a moral cristã. Atentemos por exemplo no
CAPÍTULO VII
Bem-aventurados os pobres de espírito

que tem como sub capítulos:

- O que se deve entender por pobres de espírito
- Aquele que se eleva será rebaixado
- Mistérios ocultos aos doutos e aos prudentes
Instruções dos espíritos:
- O orgulho e a humildade
- Missão do homem inteligente na TerraOs pobres de espírito, na linguagem da época, eram os mansos e humildes de coração (como Jesus). O Reino dos Céus não é acessível aos que se conservem arrogantes, orgulhosos, ciosos da sua sabedoria. Para quem crê em Deus, a inteligência é uma dádiva a ser usada para o bem colectivo. Não é motivo para vaidade. Vale a pena ler e reflectir na seguinte mensagem, que é do Espírito Ferdinando e encerra o referido capítulo:
Missão do homem inteligente na Terra

13. Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a ideia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tomam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. - Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)

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