terça-feira, 24 de julho de 2012

Amor, atração sexual e algo mais




Amor, atração sexual e algo mais

O amor entre duas pessoas tem as suas regras, como a cumplicidade, a lealdade, o respeito e a admiração. Já a atração sexual, ou seja, aquilo que chamamos de "química" ou "tesão" é uma força irresistível que ninguém está imune de sentir por outra pessoa.

Pesquisadores ingleses garantem que a atração sexual se dá em 150 milésimos de segundo. É o tempo que leva para o cérebro responder se uma pessoa vale à pena. Acredita-se que a atração comece no hipotálamo, área do sistema nervoso responsável pela produção de hormônios que controlam características do organismo como a fome, o sono e o humor. Dali envia-se uma mensagem à hipófise, que produz hormônios para as glândulas sexuais. Essas reagem produzindo estrogênio, progesterona e testosterona. Em segundos o coração dispara, os músculos tensionam e o impulso é acionado.

No entanto, a sexualidade é algo complexo e não se restringe somente aos aspectos biológicos do indivíduo. Temos ainda a considerar os aspectos psicológicos e espirituais dessa complexidade chamada ser humano. A começar pelo conceito de sexualidade que concentra a raiz de nossos impulsos e desejos e que se expressa em todo o nosso ser, a agir como homem e mulher, e nos impulsiona a viver prazeirosamente. Dela decorre a sensualidade que é a vivência da sexualidade através dos sentidos e do prazer, como comer bem, cheirar deliciosos perfumes, acariciar outros corpos e o nosso próprio corpo, escutar música, admirar o belo, etc.

Em "Espiritualidade e Mística - Corporeidade e Sexualidade", Francisco Junges aborda a sexualidade como sendo também uma das vias de manipulação de nossos interesses, ao afirmar que "a cultura egocêntrica atual fez perder a compreensão da sexualidade como um todo, reduzindo-a aos sentidos e ao prazer físico que transformou-se em algo egoísta e dominador no social e em imoralidade no religioso; ao mesmo tempo que esta redução fez o senso de realidade e de beleza diversificada, impondo modelos de corpo ideal, com base no consumismo e na manipulação, o que fez aumentar a discriminação e o preconceito com tantos que portam uma diferença mais perceptiva em seu corpo".

A libido, segundo Freud, é a energia motriz dos instintos de vida, portanto, da conduta ativa e criadora do homem. O conceito psicanalítico de energia sexual aproxima-se da visão transcendente quando o espírito André Luiz, em "Sexo e vida" informa-nos, através da psicografia de Chico Xavier, que a energia sexual está ligada às profundezas da vida: "Examinando como força atuante da vida, o sexo, a rigor, palpitará em tudo, desde a comunhão dos princípios subatômicos à atração dos astros, porque, então, expressará força de amor gerada pelo amor infinito do Criador".

Para o Espiritismo, visto como ciência, religião e filosofia, o sexo é o conjunto de características morfológicas e de energias genésicas que determinam a atração sexual entre os seres. Por considerarmos que a ciência espírita reúna a mais completa definição da sexualidade humana, descreveremos a seguir um resumo das informações que encontram-se nas obras básicas de Allan Kardec:

1) A aplicação do sexo à luz do amor e da vida é pertinente à consciência de cada um, pois cada ser traz em si a sua problemática espiritual;

2) A sexualidade não é boa nem má, é neutra;

3) A direção do sexo e da sexualidade é estabelecida pelo espírito, pelo ser humano;

4) As energias sexuais são poderosas e estabelecem registros em nosso periespírito, podendo gerar, se desequilibradas, conseqüências cármicas das mais diversas;

5) A sexualidade está diretamente ligada à Lei de Causa e Efeito, sendo suas respostas ou reações proporcionais, os efeitos da alegria, da felicidade ou da dor. Depende da aplicação que lhe dermos;

6) Sexo é força procriadora, porta de entrada para a reencarnação. É lei da vida, é energia e prazer físico, mental e espiritual.

Portanto, a visão biológica da atração sexual observada como uma "força irresistível e incontrolável", somente trará felicidade se associarmos a essa característica humana, "ingredientes" psicológicos e espirituais indispensáveis ao homem concebido na sua totalidade bio-psico-espiritual. E na busca desse ponto de equiíbrio vital, Francisco Junges resume o que precisamos desenvolver internamente para nos sentirmos pessoas sexualmente realizadas: "Toda espiritualidade e mística passam pelo corpo. Sexualidade e transcendência se pertencem mutuamente, um não está completo sem o outro. Assim, percebemos que para desenvolver uma sadia espiritualidade e chegar a transmitir uma mística, é indispensável a harmonia entre corpo, mente e espírito, que requer a aceitação de nós mesmos como somos e com as diferenças e as limitações que tivermos, recuperando assim a capacidade de reconhecer e admirar a harmonia e a beleza existentes num corpo ou numa mente com diferenças mais significativas".

Flávio Bastos
Psicanalista Clínico e Interdimensional
 

Sem comentários:

Enviar um comentário