segunda-feira, 28 de março de 2011

As Explicações do Espiritismo sobre os Desencarnes Coletivos

As Explicações do Espiritismo sobre os Desencarnes Coletivos

Autor: Walter Frota Fontenele


As dolorosas ocorrências dos últimos desastres naturais, causando a morte de homens, mulheres e crianças aparentemente inocentes, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a velha questão: por quê? Por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras questões ficam ainda sem respostas: por que pessoas que estavam lado a lado, umas morreram e outras conseguiram se salvar? Por que alguns foram poupados e outros receberam o impacto de várias toneladas de terra e pedras sobre seus pobres corpos?

Muitas religiões, crenças e doutrinas, tentam explicar o porquê de todo esse sofrimento. Alguns que se dizem ateus, dizem que tudo isso é obra do destino, que Deus não existe e por isso mesmo não poderia ser culpado por todos esses desastres e mortes.

Para grande parte dos seres humanos, essas mortes (provas) coletivas ainda constituem um enigma sem solução, pois eles desconhecem os mecanismos da Justiça de Deus, que diz que dentre suas Leis Naturais, existe uma que trata de tudo isso que é a Lei de causas e efeitos.

Na literatura Espírita existem muitos relatos de tragédias recentes como essas, bem como outras de triste memória: Quem não lembra do incêndio do Edifício Joelma? Do incêndio de um circo completo em Niterói? Das Tsunamis? Dos diversos desastres de avião que ocorreram nos anos de 2008 e 2009? Diante de todos esses desastres, não deixam de surgir revolta, desesperos e descrenças. Menciona-se que Deus castiga sem dó e sem piedade, ou que pouco se importa com os sofrimentos da humanidade. Nessas horas, muitas pessoas chegam a comparar o Criador com os pais terrenos, e nesse confronto, muitas das vezes Deus perde para os pais terrenos porque eles zelam e cuidam dos seus filhos e querem sempre o melhor para eles.

Esses flagelos destruidores ocorrem de todos os tempos, e Kardec que foi o codificador do Espiritismo não fugiu a esse tema, e nas questões 737 a 741 do Livro dos Espíritos, interrogou os Espíritos Superiores. Vejam o que eles responderam a essas questões:

Questão Nº. 737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?

“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”

Questão Nº. 738. Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os flagelos destruidores?

“Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios.

Necessário, “portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.”

a) - Mas, nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?

“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte. Ora, conforme temos dito a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real. Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a Sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”

b) - Mas, nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.

“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”

Venha por um flagelo à morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo.

Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.

Questão Nº. 739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?

“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”

Questão Nº.740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por colocarem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?

“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”

Questão Nº.741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?

“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos qual cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”

A Doutrina Espírita tem extensa contribuição a oferecer no entendimento da questão, onde se compreende a justiça, bondade e misericórdia de Deus para com seus filhos, que somos todos nós. Para tanto, porém, é preciso estudar e até compreender o sentido das palavras provas e expiações.

As Provas são acontecimentos que o próprio espírito pede que aconteça com ele no decorrer de sua vida. Devemos lembrar que quando ainda espíritos em pré-reencarnação, temos uma visão diferente de nossos defeitos, e assim sendo, podemos escolher as melhores provas que possam nos elevar mais rapidamente na nossa evolução espiritual.

Já as Expiações irão ocorrer em nossas vidas sem que tenhamos total conhecimento ou controle sobre elas. Isso ocorre porque Deus em sua eterna Justiça, não deixará nenhum mal ou bem sem sua compensação. Dentre essas expiações estão incluídas as mortes, sejam elas naturais provocadas ou desencarnes coletivo (acidentes). Vale ressaltar, que nunca devemos generalizar as coisas. Muitas pessoas leigas ou com conhecimento superficial da Doutrina Espírita, tem o errôneo costume de generalizar o caráter da morte. Uns dizem que se a pessoa cometeu um assassínio a outro por arma de fogos, que ela deverá perecer da mesma forma. Isso é sabidamente um erro grave. É lógico que pode ocorrer assim, mais não é verdade que a Lei de Talião (dente por dente olho por olho), prevaleça sobre a justiça de Deus.

Muitos segredos de Deus, ainda estão para nós, espíritos ainda em estado evolutivo baixo, encoberto pelo véu do esquecimento do passado. Nunca poderemos esclarecer com 100% de certeza o porquê dos desencarnes coletivos que temos oportunidade de ver noticiado na mídia. Não podemos dizer com certeza, o porquê dessas mortes e sofrimentos. É certo, que alguns episódios de desencarnes coletivo foram desvendados, como os citados no inicio do texto (Circo queimado em Niterói e Edifício Joelma), por grandes médiuns de nossa época, como Francisco Cândido Xavier nos mostrou em carta recebida do mundo espiritual. Mais isso é exceção e não regra.

O que Deus quer de verdade, é que tenhamos resignação quanto aos acontecimentos de nossas vidas. Que saibamos que todas as dores que passamos, somos nós mesmos os únicos culpados. Se uma pessoa por imprevidência escorrega ou cai dentro de um buraco, a quem deverá culpar? A sua imprevidência, a sua falta de cuidado. Não devemos dar importâncias vitais a grande maioria dos acontecimentos de nossas vidas. Quando estamos à beira da reencarnação, nossa programação está pronta. Sabemos o que precisamos fazer para evoluir. Sabemos que teremos sempre dois caminhos a seguir, e temos consciência de que iremos pelo caminho certo. O grande problema é continuar com esses pensamentos quando na carne. O nosso livre-arbítrio nos garante a oportunidade de escolha, e isso é bom, porque Deus quer que vençamos com nossos próprios méritos, e se fracassarmos, devemos agradecer, porque teremos outras oportunidades de expiarmos ou de provamos tudo de novo.


*Palestra elaborada para exposição no mês de Fevereiro de 2010 no CE Humberto de Campos por Walter Frota Fontenele.
Imagem Tsunami no Japão 03/2011
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