ORIGEM E NATUREZA DO PERISPÍRITO
Bernardino da Silva Moreira
Não é na matéria que iremos encontrar a origem do perispírito, pois, “ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o Espírito possa exercer alguma ação sobre ela.”1
Sendo o perispírito “o laço que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito”,2 podemos concluir sem sombra de dúvida, que é no fluido universal, que temos a sua origem.
Isto não quer dizer que todos os perispíritos são iguais, pois é “do meio ambiente”, que o Espírito tira o fluido universal, por isso “esse invólucro varia de acordo com a natureza dos mundos.”3
É por isso que “o perispírito em certos mundos mais adiantados que a Terra é menos compacto, menos pesado, menos grosseiro, e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes.”4 A cada degrau que o Espírito sobe na escada da evolução, seu perispírito “vai desmaterializando-se”, até que se “acaba por se confundir com o Espírito.”5
Na questão 186 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, pergunta:
“Haverá mundos onde os Espíritos, deixando de revestir corpos materiais, só tenham por envoltório o perispírito?
- Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros.”6
Sabemos também que o perispírito é “semi-material: quer dizer, um meio termo entre a natureza do Espírito e o corpo”.7 Quanto à natureza íntima podemos dizer que “contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético, e até um certo ponto, a própria matéria inerte.”8
Qual a forma do perispírito?
Gabriel Delanne no livro “A Evolução Anímica”, afirmou que o perispírito, “tem forma determinada e é indestrutível, podemos conceber-lhe modificações sucessivas de movimento atômico, correspondendo a modificações e complicações cada vez maiores, no seu modus operandi. Por outras palavras, vale dizer que começando por organizar formas rudimentaríssimas, pode, após uma longa evolução de milhões de anos e de inumeráveis reencarnações, dirigir organismos mais e mais delicados e aperfeiçoados, até chegar aos humanos.”9
Quase cem anos passados após esta conclusão de Delanne, temos nas pesquisas atuais com a bio-energia, uma confirmação do que disse o sábio francês.
Também devemos levar em consideração o princípio vital, pois é ele, “o princípio da vida material e orgânica”10 porém é necessário discernir a causa e o efeito, para que não haja confusões na interpretação dos fatos, pois, “o princípio vital, sozinho, não é a vida. Para haver vida é necessário sua união com a matéria.”11
Segundo Léon Denis “o perispírito comunica-se com a alma através de correntes magnéticas e, com o corpo, por meio de fluido vital e do sistema nervoso, que lhe serve, de certa forma, de transmissor.” (Synthèse Spiritualiste Doctrinale et Pratique)12
Da relação do fluido vital com o sistema nervoso, surge como resultado a força vital, mas se formos por este caminho seremos atropelados pelas palavras que se multiplicam assustadoramente com o passar do tempo, tanto é, que a força vital foi “denominada: força nêurica, por Barthez; força psíquica, por William Crookes; força ódica, por Reichembach; fluido magnético, por defensores do magnetismo; e influxo nervoso, pela medicina clássica.”13
Se o Espírito não pode entrar em contato direto com o corpo, também “o perispírito etéreo como é, sem o fluido vital, não poderia atuar sobre o corpo físico. Com o princípio vital a matéria torna-se animalizada, isto é, viva.”14
Sendo o sistema nervoso as vias de circulação do fluido vital, sua quantidade “varia segundo as espécies de seres vivos e varia também individualmente. Há indivíduos saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para os primeiros, vida mais ativa, superabundante.”15
A renovação do fluido vital é efetuada “pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm ou nele se transformam.”16 Exemplo: a alimentação, o ar, a energia solar.
Sendo o perispírito também constituído de memória, sua descoberta pela ciência, deve-se à mudança de conceitos adquiridos, através das pesquisas contemporâneas, tanto no campo da Física, como da Parapsicologia. A Física que pode ser considerada a mãe das ciências; que durante séculos combateu aqueles que acreditavam na transcendência da matéria, hoje mudou com o aperfeiçoamento da tecnologia, a começar pela “descoberta da estrutura do átomo, a teoria da relatividade de Einstein e o princípio da incerteza de Heisemberg” que “puseram por terra as definições tradicionais de matéria, do espaço e de tempo. Como se descobriu, os átomos sólidos na verdade eram constituídos de várias partículas, com espaços relativamente grandes entre elas.”17
Daí que, “um número crescente de cientistas está reconsiderando esses fenômenos paranormais a partir de uma perspectiva menos preconceituosa.”18
A dra. Gertrude Schmeidler, prof. de Psicologia da Universidade da Cidade de Nova York, que também é uma proeminente pesquisadora do paranormal diz que “gradualmente, mesmo com relutância, a comunidade científica parece estar aceitando o fato de que há provas da existência da P.E.S(Percepção Extra Sensorial).”19
O dr. Brian Josephson, laureado com um prêmio Nobel em Física, diz que está “99 por cento convencido” da realidade do fenômeno PES, e reconhece “que há muitas pessoas que se recusam a aceitar essas evidências. Mas também é claro que jamais se pode satisfazer um cético, a menos que o envolvamos diretamente num experimento – e, obviamente, não podemos fazer isso com todos os céticos do mundo.”20
O dr. John Hasted, da Universidade de Londres, admite para a explicação do fenômeno paranormal, a existência de universos múltiplos.21
O físico David Bohm, da Universidade de Londres, “sugeriu que todas as substâncias – desta página às galáxias – são ilusórias, emergindo de uma ordem mais primária do Universo”22 Só faltou ao dr. David Bohm, dizer que toda realidade Universal, tem como origem a Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, isto é: Deus.
O dr. Karl Pribam, neuropsicólogo da Universidade de Stanford, chegou a seguinte conclusão: “Me ocorre como uma forte possibilidade que o nosso cérebro constrói matematicamente a realidade interpretando freqüências vindas de uma dimensão que transcende o tempo e o espaço.”23
A conclusão semelhante chegou o dr. J.B. Rhine, nas pesquisas que fez no laboratório de parapsicologia da Universidade de Duke (USA), quando disse que a mente não é física.
Mais adiante adverte o dr. Pribam: “É claro que eu não estou querendo dizer que o mundo das aparências esteja errado. Ao atravessar-mos uma rua, é melhor que prestemos atenção aos carros. Mas há razões para que pensemos que existe uma outra realidade, onde o tempo e o espaço não existem. Para mim, isso sugere que algumas das experiências místicas que as pessoas vêm relatando há milênios começam a fazer sentido do ponto de vista científico.”24
Podemos dizer que “o físico moderno, este grande “místico” da ciência, vem oferecendo maior soma de válidas equações ao panorama da pesquisa espírita.”25
Encerraremos com as palavras de Gabriel Delanne: “O perispírito não é concepção filosófica imaginada para dar conta dos fatos, é um órgão indispensável à vida física, RECONHECÍVEL PELA EXPERIMENTAÇÃO.”26I
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